E por falar em heróis, ou melhor, em anti-heróis, os habitantes da Ucrânia estão atônitos com uma invenção inusitada, qual seja, a do boneco de Adolf Hitler para crianças.

O boneco, de cerca de 40 centímetros, vem com três roupas para serem trocadas – o vestuário vai desde os trajes do jovem Hitler até o famoso e tenebroso jaquetão que o doentio homem usava na época da Segunda Grande Guerra.

O brinquedo macabro deixa transparecer, na verdade, um grave problema que vem se recrudescendo na Ucrânia, o do reavivamento das idéias nazistas; o neonazismo.

Ponto um: o brinquedo é macabro na medida em que torna venerada a imagem daquele que foi um carrasco histórico. Ponto dois: pior do que transformar um anti-herói em herói (ver postagem anterior) é transformar um vilão em mocinho.

Para os críticos ucranianos, trata-se de um fenômeno natural visto que, recentemente (2007), outro vilão, Roman Shukhevych, que foi oficial das tropas nazistas, recebeu o título de Herói da Ucrânia. É, novamente, o reflexo de um mundo, no qual os vilões viram heróis; e esse fato não é novo.

Na França, por exemplo, mais um vilão antigo, há tempos, tem sua estátua em frente ao museu do Louvre: Napoleão Bonaparte, sanguinário ditador, responsável pela morte de dezenas de milhares de pessoas. O homem que, entre outras coisas, prendeu até o Papa (Pio VII), também galgou o posto de herói; tendo, como se pode ver, até estátua.

Que mundo é esse onde os bandidos, os imbecis e os ladrões viram ídolos? Que mundo é esse onde os traficantes viram heróis e personagens de status de filmes e novelas? Que mundo é esse onde os verdadeiros heróis, pessoas honestas, são esquecidos em sua luta silenciosa e sem voz?

Ponto para se refletir...